Nome Original: Climax
Data de Lançamento no Brasil: 17 de janeiro de 2019
Diretor: Gaspar Noé
Elenco: Sofia Boutella, Romain Guillermic, Souheila Yacoub
O filme de hoje é o tipo de filme tão unico e tão surpreendente que você só quer assistir uma vez na vida. Ele é dirigido por Gaspar Noé (um diretor um tanto quanto exotico), é uma experiência cinematográfica intensa que retrata uma noite caótica vivida por um grupo de dançarinos após consumirem, sem saber, LSD em uma festa. A sesação é que o fime foi gravado quase que inteiramente em plano-sequência, o filme te transporta para uma espiral de descontrole emocional e transe. Do ponto de vista psicológico, a obra permite uma reflexão sobre estados alterados de consciência, dinâmicas de grupo, instintos primitivos e a dança como expressão do inconsciente.
Estados Alterados de Consciência e Perda do Controle
O LSD é uma substância psicodélica que altera a percepção da realidade, intensifica emoções e pode provocar experiências profundas de expansão da consciência ou, em alguns casos, crises de ansiedade e paranoia. No filme, os personagens vivenciam essas alterações de forma extrema, o que destaca como o contexto e o estado emocional anterior ao consumo influenciam a experiência com a substância. O descontrole coletivo mostrado em Climax é um reflexo não apenas da substancia em si, mas do ambiente caótico e das dinâmicas psicológicas individuais e grupais que se desencadeiam em um contexto muito particular.
Psicodinâmica do Grupo e Contágio Emocional
Um dos aspectos mais impactantes do filme é a forma como as emoções intensas se espalham rapidamente entre os dançarinos. Inicialmente, há um sentimento de liberdade e euforia, mas conforme o medo e a agressividade emergem, a atmosfera se torna um tanto quanto opressiva e perigosa. Esse fenômeno pode ser explicado pelo contágio emocional, onde os estados psicológicos de alguns membros do grupo influenciam os outros, levando a reações em cascata. O filme é um estudo visceral de como o coletivo pode potencializar emoções individuais e gerar comportamentos imprevisíveis.
Violência e Instintos Primitivos
Conforme a situação se deteriora, os personagens regridem a comportamentos primitivos, agindo impulsivamente sem filtros morais ou sociais. Não é minha area de especialidade, mas esse processo pode ser analisado sob a ótica da psicanálise: o id (impulsos instintivos) passa a dominar completamente o ego (racionalidade) e o superego (normas morais), resultando em uma explosão de violência e irracionalidade. A falta de um líder ou de uma estrutura reguladora no grupo acentua essa regressão, tornando a convivência insustentável.
A Dança Como Expressão do Inconsciente
Desde o início, Climax utiliza a dança como um meio de expressão emocional intensa. Os movimentos sincronizados no começo representam ordem e conexão, enquanto os momentos finais do filme mostram corpos descoordenados e convulsivos, simbolizando a dissolução psicológica dos personagens. Esse contraste reflete como a expressão corporal pode servir tanto para a harmonia quanto para o caos interno, funcionando como uma ponte entre o consciente e o inconsciente.
Conclusão
Climax é um filme provocador que não oferece respostas fáceis. Ele nos convida a refletir sobre os limites da consciência, a influência do grupo sobre o indivíduo e a fragilidade das estruturas psicológicas sob condições extremas. É uma experiência cinematográfica e psicológica que desafia a percepção do espectador, fazendo-o questionar o que realmente nos separa do caos absoluto. Quando alguém me pede a recomendação de um filme diferenciado eu indico esse, mas repito, é bom pra assistir apenas uma vez.